1 de setembro de 2013

The Bling Ring (Sofia Coppola, 2013)


Sofia Coppola parece até se divertir com as loucuras da “Gangue de Hollywood”, observando tudo de uma posição moralmente superior. Seu olhar também carrega aquela ironia ácida e sutil de sempre, usando a montagem para fazer de cada corte em diálogo uma punchline, como se os próprios jovens atestassem o seu papel de ridículo. Isso fica claro quando ela realça a excentricidade, a vaidade e a futilidade dos personagens. Raramente essa posição moral permite algum nível de empatia, geralmente com Marc, que tem seus pensamentos e momentos de solidão expostos algumas vezes.
O filme embarca sem pudor nas invasões da gangue enquanto os jovens se deliciam com o brilho das grifes e jóias. Mesmo assim, Sofia parece sempre dar um sinal de alerta a cada uma das invasões, por menor que seja, como se já soubesse onde tudo aquilo acabaria. O exemplo mais claro desse tipo de mau presságio é quando Marc e Becca invadem a casa de Audrina Patridge e, em vez de entrar na casa, a câmera se limita a observar de longe e se aproximar lentamente usando o zoom, justamente naquela que seria a primeira casa a revelar os assaltos através das câmeras de vigilância.
O uso de vídeos dessas câmeras, além de vídeos de celebridades (em resolução baixa como no Youtube), vídeos de canais de TV especializados em celebridades e imagens de webcam ou do Facebook fazem do filme um retrato pontual desse mundo (que vai além de Hollywood) em que todos parecem vigiados e expostos a todo o tempo e tudo parece ser feito para ser ostentado ou visto. Coppola deixa claro o papel da cultura das celebridades e da ostentação na formação desse tipo de delinquência juvenil, não só através da imprensa como através da música, principalmente o rap de ostentação, presença frequente na trilha sonora - um desses raps fala, até didaticamente, de ‘super rich kids with nothing but fake friends’. Além disso, a música externa o estado de espírito dos personagens, como na cena acelerada (em ritmo e em música) do uso de cocaína, ou na sequência com câmera e música lenta na boate, que lembra um transe.
Sofia não abandonou o tédio como sentimento principal de seus filmes, mas parece dirigir mais claramente seu olhar crítico aos excessos dos ricos e famosos desde Somewhere (2010). A diferença é que a gangue de Bling Ring aparentemente não passa por momentos solitários e reflexivos, preferindo se proteger uns com as presenças dos outros, como se não se deixassem ficar entediados. Ao contrário dos personagens deslocados e isolados de outros filmes de Sofia, estes querem se juntar ao crème de la crème de Hollywood (e se espelhar nele) a qualquer custo, e assim subir os degraus da aristocracia hollywoodiana.

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