1 de setembro de 2013

Frances Ha (Noah Baumbach, 2013)



É engraçado o fato de Frances destacar de um livro justamente um trecho sobre sinceridade numa obra de arte no início do filme, quando a sinceridade parece ser justamente uma das qualidades de Frances Ha, e mais engraçado ainda o fato da citação ser cortada no meio, como se aplicar esse sentimento a uma obra já não vago e impreciso o suficiente. Frances Ha é simples e despretensioso, e não esconde isso de ninguém. Em vez de mirar em grandes verdades ou lições, o filme se limita a acompanhar as idas e vindas de Frances na fase em que ela precisa decidir que rumo dar à sua vida adulta. Frances tem problemas pra encontrar um apartamento, um emprego, um parceiro, uma maneira de lidar com a separação da melhor amiga, enfim. Outros diretores poderiam dar a tudo isso um tom de lamentação e tristeza, mas isso está longe de acontecer aqui. É como se o filme fosse dirigido pela própria Frances, tamanha é a similaridade entre o tom em que ela leva a própria vida (ou é mostrada fazendo isso) e o tom em que Noah Baumbach leva o filme, mostrando cumplicidade e honestidade para com os personagens, apresentando-os como se desprovido de julgamento.

O jeito de Frances é frenético, bem-humorado, carente e sentimental, e é assim que o filme acaba se tornando. Isso rende belos “casamentos” entre direção e atuação, como na emocionante troca de close-ups entre Frances e Sophie intensificada pela trilha sonora no fim do filme, ou na corrida ao som de Modern Love, uma homenagem à linda cena de Mauvais Sang de Leos Carax (boa referência, mas nada que supere a original). Por outro lado, isso não parece render tanto nas cenas montadas com pequenos trechos de diálogo de menos de cinco segundos, que apesar de parecerem até charmosas e situarem bem as situações, geralmente não acrescentam tanto assim e às vezes parecem um pouco estranhas, como se não nos dessem tempo de pegar a piada.

Se o filme vai além das referências à Nouvelle Vague (principalmente) e a outras obras (o preto e branco nostálgico lembra a Manhattan de Woody Allen) é por causa de Greta Garwig, e da bela atuação que ela dá à personagem que ela mesma ajudou a criar: uma mulher louca, atrapalhada, sonhadora, amorosa, impulsiva, carismática... se um espectador não for cativado por ela (o que não é fácil de acontecer), não haverá mágica que o faça gostar do filme.

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