
Um
filme torto, sujo, cinzento e estranho, mas que nem por isso deixa de ser belo
de um jeito sincero e espontâneo, atento para a beleza das pequenas coisas da
vida. Sem esforço, o filme é uma declaração de auto-afirmação a uma vertente do
cinema independente que abraça o sujo, o torto, o deslocado, o entediante, enfim,
um lado da humanidade negligenciado pela sociedade ou pela vertente mainstream
das artes mais populares (assim como o húngaro Béla Tarr). A cada pequeno
episódio anunciado pela tela preta, um momento precioso que estabelece os
personagens no mundo (nem sempre com ações propriamente ditas) com uma
naturalidade e fragilidade contagiantes, o que se estende tanto aos diálogos
quanto aos gestos e à iluminação (Willie escurecendo [...]