26 de agosto de 2014

Amantes Eternos (Jim Jarmusch, 2013)

Meu Deus, será que Jim Jarmusch resolveu finalmente fazer jus aos seus cabelos eternamente brancos e se tornou um velhinho ranzinza? Não que filme seja chato ou antiquado, longe disso. Aos 60 anos, o diretor se mantém absurdamente cool, hip, entre outros adjetivos semelhantes. É que, mais do que uma “estória de vampiros”, este é um filme profundamente nostálgico, saudoso. E que forma melhor de tratar de nostalgia do que através de vampiros, esses seres soturnos, melancólicos, que tratam o passado com reverência e saudosismo e o futuro com desdém e desesperança? Esta nostalgia, tão preciosa ao filme, é tratada de diversas formas. Em primeiro lugar, ela está na forma do casal de vampiros de se referir ao presente, sempre como uma época [...]
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22 de agosto de 2014

O Grande Hotel Budapeste (Wes Anderson, 2013)

A narrativa do filme pode até ser baseada numa estória escrita pelo autor lida por uma menina, que é baseada na estória que ele ouviu, que por sua vez é baseada no que Zero viveu, mas o contador de estórias principal aqui é o próprio Wes Anderson, que parece ter se superado nesta empreitada. A aventura de Zero e do Hotel Budapeste é grandiosa, quase épica, mas contada de uma maneira tão sutil e despretensiosa que desarma e encanta o espectador com facilidade. Mas não se pode confundir essa sutileza com carência, já que há no filme uma estética bastante rigorosa e particular evidente em vários aspectos (de fato, só sendo muito rigoroso para usar três formatos de tela diferentes para três linhas temporais diferentes), desde o ritmo e [...]
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20 de agosto de 2014

Irreversível (Gaspar Noé, 2002)

(caralho, que porrada...) Gaspar Noé filma esta estória como o Destino com a faca na mão do poema de Arseni Tarkovsky (“Primeiros Encontros”), inquieto, pairando pelo cenário como um espírito maligno à espreita. E a decisão de encadear as cenas de trás pra frente é genial, porque reforça justamente a impossibilidade de se parar esse espírito maligno, e o fato dos personagens estarem presos nesta armadilha do Destino. Podemos até saber o que acontecerá no futuro, mas somos impotentes diante da inevitabilidade em tudo o que é mostrado. As cenas mais chocantes e perturbadoras podem até estar focadas na primeira parte do filme, mas isso não priva a segunda de impacto próprio, já que ela não é meramente explicativa. Afinal, “explicar” [...]
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18 de agosto de 2014

O Homem Errado (Alfred Hitchcock, 1956)

Desprovido do glamour e da pompa vindos das “classes altas” ou o clima de sedução que marcam a maioria dos filmes de Hithcock dos anos 1950, este longa é provavelmente o mais duro e cru de toda a filmografia do diretor, sendo ou não “baseado em fatos reais”. Nem mesmo o típico humor britânico (ou mórbido-porém-espirituoso) de Hitch tem vez aqui. Sua aparição-relâmpago é logo no começo do filme, num tom sombrio, anunciando um filme baseado numa realidade mais estranha que a ficção. O filme tem duas cenas com risos de personagens, mas nenhum deles é provocado por um motivo propriamente engraçado: a primeira vem das meninas anunciando tragicamente que um homem que poderia ser uma testemunha-chave morreu, e a outra é uma gargalhada nervosa [...]
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10 de agosto de 2014

Medo e Delírio em Las Vegas (Terry Gilliam, 1998)

Tentar avaliar este filme com critérios tradicionais ou “quadrados” (como disse o bizarro especialista em narcóticos do filme) é perda de tempo, ou simplesmente um erro. Ele não tem compromisso com estruturas convencionais ou noções habituais de desenvolvimento dramático, plot ou “mensagem”. Ou com precisão histórica, já que mostra Grace Slick cantando “Somebody To Love” “em 1965” (!!!). Seu compromisso é com a própria viaaaaaagem psicodélica de seus personagens principais, focados em sua jornada escapista sem passado ou futuro (poucos segundos de “Sgt. Peppers’ Lonely Hearts Club Band” já os fazem gargalhar: “entramos numa máquina do tempo!”), em busca de uma versão distorcida, hedonista e de cabeça pra baixo do American Dream. Uma [...]
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